segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Resenha do livro Corpo Condenado

A obra da editora All Print escrita pelo jornalista Alex Francisco, que retrata a história de Gael e Natasha que são garotos de programa na noite paulistana em busca de dinheiro e prazer. Eles têm uma regra: sempre fazer programas juntos.  Só que um deles decide romper esse pacto e o outro fará de tudo para ele ser mantido independente das consequências.
O livro é escrito em forma de roteiro teatral e é dividido em três atos.


Personagens da trama

·                     Gael, o poeta.
·                     Diogo, o namorado de Gael.
·                     Gael jovem, o garoto de programa.
·                     Natasha, a garota de programa.
·                     Milton, o cliente.
·                     Bruno/Lady Babette – a Drag Queen.
·                     Bruno jovem, o estudante.
·                     Daniele, a mulher de Milton.

O primeiro ato chama-se o corpo do amor e do sexo e nele que os acontecimentos do passado fazem o protagonista questionar-se sobre o futuro.

Cena 1- Sala (2014)
Gael está na casa que vivia com Natasha há aproximadamente 15 anos e as lembranças resurgem em sua mente. O seu namorado Diogo fica sem entender o porquê de aquele lugar significar tanto para ele.
Até de forma inesperada há um pedido de casamento que deixa Gael sem ação e o Diogo ressabiado pelo fato do namorado não acreditar nesse tipo de união.
Há uma discussão intensa entre os dois e Diogo sai dali deixando Gael envolto em seus pensamentos.
Cena 2 – Boate/Quarto (1999)
Gael e Natasha dançando sensualmente em uma boate visando atrair clientes. Eis que surge Milton que logo se encanta por eles. Depois de um tempo eles partem com o cliente para o apartamento a fim de lhe proporcionarem uma noite de muitos prazeres.
Cena 3/4– Sala (1999)
Natasha e Gael discutem pelo fato dela desejar controlar os sonhos e desejos de seu amigo para assim ele nunca sair do seu lado.
Milton acorda a vontade só de cueca e ver os dois discutindo e logo impõe a sua presença.
A esposa de Milton liga em seu celular e ele elogia os corpos dos dois garotos de programa, diz que eles lhe deram um prazer que há muito tempo não sentia.  Quando finaliza a ligação propõe a eles que em troca de mais um pouco de prazer daria muitos dólares.
Logo, acontece algo intenso entre os três e Natasha se deliciando com a sensação de ter ganhado muitos dólares para assim fazer a sua cirurgia de prótese mamaria.
Cena 5 – Flashback
Gael lembrando-se dele e a Natasha sensualizando para o início de mais uma noite de trabalho. Enquanto isso, o Gael mais velho está envolto em seus pensamentos.
O segundo ato chama-se o corpo da paixão e do amor e nele que os acontecimentos do passado e do presente se reencontram.
Cena 1 – Sala 2014
Gael andando pelo espaço vazio que um dia foi o seu lar ao lado de Natasha. Logo, um rapaz se aproxima dizendo que deseja comprar a casa e que soube por uma vizinha que ele estaria lá e que admirava muito os poemas de Gael.
Este rapaz fala ao escritor que ele se libertasse do passado e do fantasma de Natasha. Diante dessa fala o protagonista vê atordoado por não entender o porquê dela. Até que ele se apresenta e fala não lembra mais de mim eu sou o Bruno nos conhecemos há muito tempo atrás.
Em sua mente se dá um flashback de como se conheceram e de tudo o que viveram.
Cena 2 – (1999)
Bruno e Gael se conheceram na lanchonete em que o garoto de programa trabalhava durante o dia. Certa tarde, Gael leva o garoto até a sua casa e lá conversam sobre sonhos e se fazem amor de forma doce. Tudo corria muito bem até que chega Natasha que fala uma série de insultos aos dois. Bruno atônito sem acreditar que Gael e Natasha eram garotos de programa e quando volta a si se mostra revoltado com a situação e discute com Gael.
Depois dessa discussão acalorada sai daquela casa que lhe deu amor, carinho e também a pior revelação sobre a pessoa com que tinha vivido momentos especiais.
Natasha e Gael expõem certas feridas do passado que acabam acarretando em sua saída daquele lugar.
Cena 3 - 2014
Gael fala para Bruno que ele não poderia ter resurgido agora em sua vida. E Bruno o interpela dizendo só porque está famoso. Cobra o porquê de não tê-lo procurado depois daquela discussão e que ele é egoísta.
Depois de discutirem acerca do passado. Bruno diz a Gael que deseja comprar a casa para ela ter um destino mais alegre e que não vai desistir de seu intuito.
Gael disse que tudo em sua vida está prestes a desmoronar e Bruno fica sem entender nada. Ele disse, por favor, não pense sobre isso e siga o seu caminho.
Depois de um tempo Diogo chega surpreende o seu namorado falando o nome de Natasha enquanto dormia. E pergunta impaciente: Quem é Natasha?.
Gael conta a história da infância dos dois e a vida de prostituição na juventude.
Alega posteriormente não ter vergonha de seu passado e que não contou devido à família moralista de Diogo.
Diogo se sente enganado e não se deixa seduzir por ele exigindo saber toda a verdade.
Cena 5 – Sala (1999)
Natasha em casa fumando um cigarro percebe que a porta bate e atende.
Uma mulher dizendo que procura um programa com ela e seu amigo. Natasha diz não sei quem é você. Mas, só fazemos programas com homens e não está para programa nenhum querida.
Está nervosa demais para isso e ela confessa que é a mulher do Milton.
Elas discutem fervorosamente até que Milton chega e pede que a esposa que, por favor, vá com ele embora dali e ela exige que ele faça uma coisa.
Bata nessa puta para deformá-la quero ver sangue. Ele reluta em executar a ordem da esposa. Até que ela o lembra que sem o dinheiro de sua fortuna ele nada será.
Agressão covarde contra Natasha acontece e de repente Gael chega e exige que ele pare com aquilo. Ele diz é ela ou eu. Acontece uma briga entre Gael e Milton.
Cena 6 – Sala (2014)
Diogo desabafa diante de tudo o que ouviu e expõe o seu repúdio a atitude de Gael que segundo ele foi egoísta. Caminha desolado pela sala e diz adeus.
O terceiro ato chama-se o corpo do amor e do perdão porque nele há um acerto de contas de Gael com o passado.
Cena 1 - Boate(2014)
Apresentação de Bruno como Lady Babette na boate.
Cena 2 – Camarim da Boate(2014)
Gael se dirige ao camarim da estrela da noite com um livro nas mãos. Quando a encontra lhe questiona o porquê de não ter ido no lançamento. Ela diz que estava ocupada com seus shows.
Eles conversam sobre o passado e como tudo mudou nesses últimos anos.
Lady Babette(Bruno) diz para Gael se libertar do passado e correr atrás da sua felicidade já que ele não pertencia mais aquele universo e que até o jeito de falar tinha mudado. Lute pelo seu amor porque se ele te amar irá te perdoar. E que ele não saberia namorar uma bichinha.
Gael disse que já tinha perdido Diogo e que estava sem esperanças. Natasha morta e tudo dessa forma.
Lady Babette(Bruno) nem tudo aconteceu do jeito que você imagina.
Cena 3 – Clínica
Gael vai até uma clinica visitar uma mulher e tentar conversar com ela. Logo percebe que não terá nenhuma resposta já que ela se encontra absorta em seus pensamentos.
A mensagem trazida pela publicação é a seguinte: Que muitos homossexuais acabam idealizando papéis estabelecidos em uma relação heterossexual como padrões para vivenciarem suas relações e por isso perdem boas oportunidades de vivenciarem um romance por acreditarem que só um macho alfa será capaz de lhes trazerem felicidade e prazer sexual.
O autor ilustra muito bem no primeiro e segundo ato as consequências de não se saber lidar com o passado e que isso sempre provoca sofrimentos em sua vida e de outros.

                                             
                                                           Alex Francisco

Aborda a questão moralista existente acerca do trabalho de garotos e garotas de programa. A sociedade como um todo tem esse trabalho como algo abominável só que muitos (as) fazem uso dele para satisfazer seus reais desejos e necessidades. E paixões podem surgem desses encontros casuais.

Na cena 5 do segundo ato pode-se perceber quando uma mulher perde a sua beleza devido à gravidez e a rotina de um casamento não suporta o momento em que o marido exalta outros corpos e vive outras experiências. E que ela sente-se impotente e não percebe que é vitima de um sistema machista opressor que só lhe faz sentir completa tendo um marido ao seu lado mesmo para que isso tenha todas as armas possíveis. Como por exemplo, estabilidade social e financeira no caso de mulheres ricas.

Trecho do poema Corpo Condenado do personagem Gael – Escrito por Diego Davoglio que é ator, poeta e escritor. Expressa como através do corpo o ser humano expressa seus sonhos, anseios e suas inquietudes.



Diego Davoglio 
  
“Eu infringi a legalidade
Da minha própria lei
Minha história é e sempre foi sofrida,
Mas não posso dizer que não me arrisquei.”

Em compartida, muitos visando alcançar uma perfeição realizam muitas vezes ações prejudicais a si e aos outros em nome da manutenção de uma aparência que não os faz lembrar de seus sofrimentos e de suas disforias em relação ao seu físico.

A hipocrisia existe socialmente com as diversas orientações sexuais e identidades de gênero impera pelo fato de muitos não entenderem que cada um pode ser o que quiser ser e para o preconceito não mais ocasionar mortes e patologias decorrentes do mesmo esses padrões vigentes de masculinidade e feminilidade têm de acabar.

Dicotomias estão presentes em cada cena quando os personagens expõem os seus pontos de vista acerca da vida são as seguintes: bom versus mal,amor versus sexo,passado versus presente,presente versus futuro e masculino versus feminino.

Corpo condenado é uma publicação recomendada para quem deseja transpor barreiras do que seja considerado politicamente correto e se aventurar por caminhos incertos a fim de se redescobrir em outra roupagem.


Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:


Para conversar com os escritores Alex Francisco e Diego Davoglio sobre a obra,seus links de contato são:


E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.



Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resenha do livro Imprensaaaaaaaaaaaaaaaaaa Gay

A obra da editora PUBLIFOLHA escrita pela jornalista Flávia Péret, retrata a cronologia da imprensa gay brasileira e suas muitas modificações em seu desenvolvimento e dedica um capítulo especial para a imprensa lésbica.


Podemos perceber que a autora ilustra fatos importantes no desenvolvimento da imprensa brasileira como, por exemplo: A circulação dos jornais em território brasileiro ter acontecido no século XIX.

As publicações com temática gay só vieram a surgir em meados do século XX em 1960 com o periódico Snob que falava do cotidiano gay e era distribuído de forma restrita.

No governo Ernesto Geisel surgia Lampião da Esquina que fora idealizado pelos jornalistas Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan;com um caráter mais politizado por denunciar de forma irônica o que acontecia no país e a relação da sociedade com os homossexuais, também dava espaço para o entretenimento.

Nos anos 1990, até o início do século XXI há o surgimento de um novo tipo de cultura homossexual e com o advento da internet ficou inviável custear um jornal com essa temática. Surgiram as revistas: Júnior, G Mazagine e Sui Generis e os portais: A capa e Super Pride.

Alguns desses meios passaram a explorar o universo das festas, pornografia e comportamento e, a parte política passou a ser consequentemente pouco abordada.

A imprensa feminista surgiu em 1852 com o jornal das senhoras desenvolvido por Joana Paulo Manso de Noronha e os temas tratados eram emancipação feminina e educação da mulher.

Dez anos depois, Júlia Albuquerque Sandy Aguiar começou a editar no Rio de Janeiro, O Belo Sexo onde exaltava a figura feminina,os seus desejos e fantasias mesmo que estes não estivessem de acordo com as convenções sociais.

Com as mulheres possuindo direito ao voto e entrando para o mercado de trabalho. Houve uma mudança significativa no conteúdo das publicações para o público feminino e passou-se a abordar questões como: machismo, questões de gênero e política.

No decorrer do tempo devido feministas e lésbicas participarem da luta contra o machismo e opressões. As publicações passaram a ter um viés mais marxista e lésbico.

Podemos visualizar isso em Brasil Mulher (1975–1980), Nós, mulher (1976-1978) e Charme com charme 1981.

A expressão Pink Money é pertinente quando se pensa em um público homossexual (masculino e feminino) com um poder aquisitivo maior em relação a muitos heterossexuais. E o fato que muitos optam por não ter filhos e demorarem mais para se casar acabam tendo uma vida cultural e noturna mais intensa, surgimento de um caráter festivo das paradas LGBT e da pornografia virtual as revistas lésbicas e gays tiveram de se adequar as mudanças de comportamento deste público já que mais aceitos socialmente do que em séculos anteriores desejavam consumir algo mais lúdico.

Exemplo de publicações contemporâneas: e Um outro olhar(1988–1995), Revista femme(1993-1995),Sobre elas(2006), e Entre elas(2008).

Apesar dessa liberação existente na mídia muitas revistas e jornais homossexuais passaram a não ser mais publicados por preconceitos de anunciantes em veicular suas marcas com o público LGBT, antigamente conhecido com GLS, e também pelo advento da internet que motivou as pessoas a migrarem para um novo meio de comunicação onde podiam acessar todas as informações em tempo real e também selecionar o que mais lhe interessa. 

Pontos que merecem destaque na publicação é a parte final em que são feitas entrevistas como os jornalistas Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan em que ambos falam da experiência de se desenvolver o Lampião da Esquina e de suas visões acerca do inicio da imprensa gay no Brasil, é quando percebemos as distinções no discurso de Silvério e Aguinaldo acerca do papel do jornal que ambos idealizaram e do procedimento tido como ideal de militância pela causa homossexual.

E também a cronologia feita das principais publicações e uma análise contundente de cada uma. A questão que a autora separou bem o que seria imprensa gay e lésbico/feminista. Explorou de que maneira o advento de novas tecnologias digitais fortaleceram o surgimento de novas fontes de comunicação com esse público e que revistas até existem só que uma tiragem menor do que no passado e jornais com ela são inexistentes nos dias atuais por seus altos custos e por ser um mercado altamente segmentado.

Trechos interessantes encontrados no livro que auxiliam na compreensão do desenvolvimento da imprensa homossexual no Brasil são os seguintes:

 “Nossa intenção era nos inserir no bojo de lutas mais amplas” - João Silvério Trevisan.

Essa “militância” está focada em três pontos: o que os gays consomem como se comportam e quem são seus ícones. Pedro Sampaio - Publicitário cita a expressão “militância de mercado” e a partir dela desenvolve a frase acima.


Flávia Perét


Caso tenha interesse em conversar com a escritora Flávia Péret , seu e-mail é: flaviaperet@hotmail.com

Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Resenha do livro Feito Homem

A obra da editora Planeta escrita pela jornalista Norah Vincent, que na versão brasileira chama-se feito homem (Self-Made Man), retrata a jornada de uma mulher que decidiu por 18 meses viver como homem.


 O que a fez vivenciar esse lado da vida foram as seguintes questões:

1  - Será que realmente os homens sempre viveram melhor que as mulheres?
2  Se viver plenamente o seu lado masculino poderia lhe trazer diferentes satisfações?

Para se caracterizar como Ned, seu alter-ego contou com a colaboração de um personal trainer, um artista de maquiagem e um especialista em impostação vocal.

Norah, na pele de Ned, fez parte de uma equipe de boliche, trabalhou no setor de vendas da Red Bull, encontrou-se com várias mulheres através de salas de bate-papo pela internet, foi à clubes de strip-tease, participou de um seminário para homens amedrontados com mulheres independentes e esteve em um retiro espiritual.

Apesar dessa vivência em uma vida masculina, o que se pode perceber é que a protagonista nunca se sentiu totalmente à vontade nesse papel porque apesar de gostar de certos comportamentos do universo masculino se via angustiada quando tinha de mentir às pessoas com quem fazia amizades sobre sua verdadeira identidade, ela também se percebia como mulher e lésbica e não como um homem trans.


Norah Vincent

São muitas questões interessantes levantadas pela escritora em seus relatos como, por exemplo:

Será que os homens são realmente felizes em suas vidas estando em uma sociedade machista que os privilegia de certo modo?
Será que as vidas duplas que muitos homens casados têm os satisfazem inteiramente ou as possuem para se posicionarem como machos socialmente?

Possuir uma essência masculina necessariamente faz com que alguém seja considerado um homem transexual?

O que é ser homem ou mulher nesse novo milênio?

A atração sexual pode ser só medida pela ideia tida do que seja masculino ou feminino?

Mesmo vivendo uma vida masculina em sua totalidade poderia uma mulher deixar de sentir e pensar como a sua identidade de gênero?

Por que, na opinião de alguns, os homens conseguem ser mais amigos e companheiros uns dos outros e enquanto as mulheres competem entre si?
Por que para alguns homens é difícil lidar com mulheres em todos os âmbitos que preferem a clausura?

Por que para alguns homens a independência feminina pode ser encarada como algo assustador que os leva a ir à reuniões como uma espécie de guru para lidar com suas inseguranças?

Esses porquês presentes no livro são pertinentes para se pensar em como as famílias devem pensar a educação das crianças e como a sociedade precisa remodelar a sua visão acerca do masculino e do feminino para assim não termos essa prisão com ares libertários que pressiona tanto homens quanto mulheres a serem aquilo que não desejam de uma aceitação social.

O trecho que ilustra a incompreensão predominante entre os gêneros dos períodos mais longínquos foi: “muitos homens honestamente não sabem o que as mulheres querem e as mulheres honestamente não sabem por que os homens acham o que elas querem tão difícil de compreender e satisfazer” (frase tirada do livro You Just Don´t Understand – Deborah Tannen).



Você poderá comprar seu exemplar caso tenha interesse nos seguintes links:


Para conversar com a escritora Norah Vincent sobre a obra, seu facebook é: https://www.facebook.com/norah.vincent.5?fref=ts



Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas!