quarta-feira, 2 de julho de 2014

Resenha do livro - Orgias literárias da tribo

Trata-se de uma coletânea organizada por Fabrício Viana em que há autores dos mais variados segmentos da literatura LGBT.


No prefácio da obra Viana define o que seria uma orgia literária e convida o leitor a participar e interagir com os diferentes autores sem prejulgar o conteúdo e sim lê-los com a mente aberta. Destaca que o principal objetivo existente na publicação é possibilitar o contato com diferentes realidades além das que você vivência em seu universo para assim se sair da zona de conforto e se conhecer diferentes prazeres.

Nos textos de Marina Rodrigues você verá como foi à descoberta da transexualidade da autora, como foi o processo de assumi-la em seu trabalho e nos diversos setores e expõe de forma clara a diferença de identidade de gênero e orientação sexual.

No conto “Se as estrelas falassem...” do autor Caio Gomez nos faz refletir sobre o quanto o amor pode doce, sublime e ao mesmo trágico dependendo das escolhas feitas em nossa vida. Independente dessa tragédia que esse sentimento possa causar a nós e ao outro não há algo que possa ser chamado de vida sem a presença dele.

No conto “Julia e Sara” da autora Karina Dias há a narração do encontro de duas mulheres com muita sensibilidade, leveza e sutilezas presentes em um romance lésbico. Só que a autora transpor essa barreira com a linguagem universal romântica empregada em toda história de amor que se preze e ainda há o clássico final feliz.

Nos textos de Oliver Lebruter está presente a crítica bem humorada dos guetos gays existentes e que há momentos na vida que a reflexão pode nos salvar de uma visão medíocre do mundo e das pessoas.

No conto “Loucas (in) decentes” da autora Laris Leal traz a história de duas mulheres que se conhecem em um bar de rock e vivenciam momentos de muito erotismo e breve romantismo. Essa história me fez vontade de vivenciar algo parecido em uma pista de dança daqueles tipos bares de rock existentes nos anos 80 onde as luzes e as músicas inebriavam qualquer paquera.

O conto de Evertton Henrique está dividido em três capítulos que narra à vida de Jonathan um egocêntrico que é guiado por seus desejos e instintos e que sem importar com ninguém vivencia o que tinha vontade e sem pensar nas consequências que isso lhe traria um dia.

A autora de Paula Guedes fala de suas próprias vivencias e ao mesmo tempo em que as envolve em viés ficcional. 

No primeiro texto “As quatro estações” fala do florescer de um relacionamento até o seu ruir. E no segundo texto “As caixas passadas” aborda como é chegar ao fim de uma história e o que isso nos provoca. E para finalizar Paula também orienta os iniciantes no universo LGBT e critica o machismo vigente na sociedade em só enxergar o lesbianismo como um fetiche.

No conto do autor Heller de Paula conta a história de um homem religioso que vive um conflito entre os seus desejos e os preconceitos por ele adquiridos devido a sua religiosidade. De Paula mostra o quanto à repressão de uns pode servir para outros se libertarem.

“Nos textos “Linha Vermelha” e” A solidão ocupa espaço que se dá para ela” Meggie M aborda a solidão de três lésbicas em diferentes estilos de vida e como elas buscam preencher esse vazio e, que na maioria das vezes se contentam em olhar para o passado ou com distrações para aplacar o exílio existente nos seus seres.

No texto de Raphael Pagotto  chamado “Feliciano um dia me representou”, relata a sua experiência com a cura gay. Conta que um dia foi defensor desta terapia e hoje luta contra ela contra todas as forças por ter entendido que a sua orientação sexual não é algo demoníaco. E o autor também compartilha alguns poemas e o meu favorito foi “Língua oca”. Confira um de meus trechos prediletos:

“Meu destino é ser nômade,
sempre ás margens do rio
em que lavarei meus cabelos
até amaciarem os fios.
Gota a gota.”.

Para encerrar essa orgia há o texto de Ben Oliveira chamado O Universo Literário Colorido que fala da importância de se surgirem novos autores para elaborarem textos sobre a temática LGBT para assim haver um desenvolvimento literário nesse segmento. Que ela não seja só pro LGBTS, mas também por heterossexuais que desejam abrir a sua mente acerca desse universo colorido.



Orgia literária é uma obra que recomendo a leitura por mostrar que Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais possuem sonhos, anseios, vícios, luz e trevas como qualquer pessoa e isso desmitifica que essa população vive em eterno frenesi.

Você será o responsável por qual estrada percorrerá ao término da leitura integral da publicação.

Sobre o organizador da obra - Fabrício Viana (www.fabricioviana.com), escritor do livro O Armário (sobre a homossexualidade) e Orgias Literárias da Tribo (uma coletânea LGBT), além de ser bacharel em psicologia e pós-graduado em comunicação e marketing. Também é sócio da Editora Orgástica (www.editoraorgastica.com) e estuda e dá palestras sobre sexualidade humana

Sobre a Editora Orgástica – criada com o objetivo de promover o prazer literário com temas ligados à sexualidade humana, desde a educação sexual de nossos filhos - e que acreditamos ser algo primordial para um futuro saudável e livre de neuroses – até textos e coletâneas eróticas capazes de arrepiar todo o nosso corpo: mas sempre de forma séria, respeitosa, ousada e natural, como a própria sexualidade deveria ser.


Caso você tenha interesse em comprar seu exemplar, você pode comprar no site do autor: www.fabricioviana.com/livros ou ainda no site da Editora Orgástica: www.editoraorgastica.com

A compra online é segura, a embalagem é discreta e se você não receber o livro em até 14 dias o PagSeguro devolve seu dinheiro. Se morar em São Paulo, o livro não vende em livrarias, mas você pode comprar na Banca de Jornal Mastrorosa que fica na Av. Dr. Vieira de Carvalho, 10, ao lado da Praça da República.


Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 

2 comentários:

  1. Sua resenha ficou muito bacana!
    Faltou só a imagem da capa do livro para ilustrar o texto!

    Abraços

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  2. Ben,Obrigado por suas dicas preciosas.

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