sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resenha do livro Mulheres que não sabem chorar

A obra da escritora Lilian Farias retrata como duas mulheres maduras passam a se amar depois de muitos desencontros que tiveram em suas vidas.

                                             

Marisa, 55 anos, mãe de dois filhos, florista e empresária, com uma vida estável então focada nos negócios e em cuidar de seus filhos, que não se percebia como mulher. Eventualmente tinha alguns relacionamentos casuais para dar satisfação aos seus pais e à sociedade e quando eles morrem, passa a viver mais o seu lado profissional.

Olga, divorciada, mãe de uma filha doente terminal, que devido a decepções tidas passou a usar o álcool como válvula de escape e que por isso, teve seu casamento desfeito. Sua personalidade articulada e observadora se perdia em seu vício, então passou a negligenciar cuidados com sua aparência e sua casa.

Essas vizinhas com personalidades e trajetórias tão opostas que se cruzam em um momento de em que Olga é exposta a uma extrema vulnerabilidade. A partir disso, elas passam a conviver mais e mais. De uma forma inusitada, iniciam um relacionamento amoroso que as faz questionar se realmente foram felizes em suas escolhas.

Dois aspectos interessantes do livro que relatam bem as contradições existentes no amor e que muitas vezes passam desapercebidas nas histórias adocicadas e tão clichês que não nos são vendidas pela grande mídia:

“O amor nos coloca em contato com o que temos de pior; quando nos abrimos para amar, sabemos que iremos experimentar, até esgotar e se renovar, o melhor; o dilema se contrapõe a isso: entramos em contato com o que temos de pior e responsabilizamos o mundo por isso”.
“Não é colocar expectativas nos outros, é estar preparado para conviver com o caos que nos habita.”

O livro expõe questões como a lesbofobia, a violência contra a mulher, o machismo, o preconceito advindo das próprias mulheres em viver uma relação homossexual, as histórias de mulheres em manicômios na década de 80 e também que as mulheres para não serem massacradas nesse mundo machista muitas vezes têm de ser fortes a qualquer custo, muitas vezes se privando de expressar seus sentimentos e sendo levadas a serem seres mais calculistas, perdendo-se em si mesmas e já não sabendo como vivenciar o amor.

Todos nós, em algum ponto de nossas vidas, cometemos erros - seja por imaturidade, seja por falta de coragem de assumir quem somos. No livro isso é mostrado quando Olga, depois de vivenciar o amor nos braços de Marisa, entra em contato com o seu ex-marido, Carlos, para expor suas razões e buscar de certa forma que ele a perdoe por tudo que ela lhe fez passar durante o tempo em que estiveram juntos.

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção na obra foi a autora usar em cada capitulo da obra um nome de flor, homenageando a profissão de uma das protagonistas do romance. Salienta, ainda, a delicadeza, fortaleza e beleza existente nas flores e como cada mulher pode representada por cada uma delas.

As mensagens trazidas por “Mulheres que não sabem chorar” são que reconcliar-se com o passado é algo que deve ser feito a fim de esclarecer os nossos porquês, por erramos demasiadamente com os outros, pelo fato de estarmos vivenciando uma mentira impostamente socialmente e por nós mesmos com o objetivo de sobreviver neste mundo hipócrita e conversador; que o amor é um sentimento avalassador e pode nos levar a cometer atos terríveis contra nós e a pessoa que amamos; devido a pressões sociais, acabarmos vivenciando uma vida dupla para não expressarmos a nossa real face e evitar represálias sociais; encontrar a pessoa que tanto desejamos encontrar é algo que acontece quando menos se espera; uma relação sexual entre mulheres é intensa e ao mesmo tempo leve, por elas focarem em explorar seus corpos sem pudores; ressaltar um papel dominador machista que acontece em muitos casos mesmo em uma relação heterossexual; que o preconceito que existente em relação a homossexualidade faz com que muitas pessoas a vivenciem tardiamente em suas trajetórias, podendo libertá-las ou aprisioná-las dependendo de como as pessoas envolvidas conduzem o seu relacionamento.

A frase abaixo rege Marisa em relação a Olga e atualmente muitas histórias de amor funcionam com essa mesma premissa.
Eu a amava, só não sabia o que fazer com o amor.

 Lilian Farias 

Uma música que ilustraria bem essa leitura, para melhor compreendê-la, seria Always, interpretada por Bon Jovi:

Now your pictures that you left behind 
Agora suas fotos que você deixou para trás
Are just memories of a different life
São memórias de uma vida diferente
Some that made us laugh
Algumas que nos fizeram rir
Some that made us cry
Algumas que nos fizeram chorar
One that made you have to say good bye
 Uma que te fez dizer adeus

Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo: http://www.editoraliterata.com.br/p/romances.html

Caso tenha interesse em conversar a escritora Lilian Farias sobre a obra, seu perfil no facebook é:

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.


Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Resenha do livro Condicional

A obra do escritor Paulo Sérgio Moraes, nascido em Juiz de Fora – MG que atualmente reside em São Paulo, retrata como uma simples aventura pode se tornar uma atração fatal.

Lucas é um rapaz focado em seus objetivos e prazeres. Extremamente descrente do amor e da possibilidade que duas pessoas possam vivenciar uma relação duradoura. Porém, acaba se envolvendo com um marginal e essa relação se torna intensa e perigosa ao longo dos anos.

O seu melhor amigo tinha um namorado mais velho chamado Cássio com quem vivia uma relação estável. Eles estavam planejando adotar o filho da relação anterior de Cássio por sua antiga companheira ser totalmente instável emocionalmente.

Isso gerava um mal estar tremendo no egoísta Lucas que desejava em seu íntimo acabar com aquela relação para assim ter o amigo a sua disposição.

Através de Vitor ele acaba conhecendo Thais que era companheira de corridas dele pelo Ibirapuera. Ela era independente e gostava da vida noturna para assim evitar grandes envolvimentos amorosos. Lucas a admirava tanto ao ponto que conjecturava a possibilidade de ficar com ela caso fosse heterossexual.

Na cidade de São Paulo em 1997, Lucas comemorava com os amigos o término do curso de administração quando então teve uma ideia e falou com o seu ficante da faculdade para lhe dar duas balas de êxtase para deixar as coisas animadas para o casal Cássio e Vitor.

Contudo, as coisas acabam saindo do controle. Em seguida, aconteceu um assalto mau sucedido que gerou consequências catastróficas na vida de todos.

O tempo passa cada um a sua forma tenta reconstruir suas vidas. Um encontro inesperado e a busca pela câmera que havia ganhado de seu pai na noite de sua formatura fazem com que certos caminhos sejam cruzados por esse jovem egocêntrico que acaba conhecendo Jota, que tentava em mais uma noite como outra qualquer levantar algum dinheiro fácil.


Conversaram sobre o trágico acidente e a noite faz com que eles se envolvam mais do que planejado.


Algum tempo depois, Lucas faz um curso de fotografia e conhece um experiente fotografo chamado Martins que tinha cerca de 40 anos e era muito atraente. Logo, ele chamou a sua atenção. Assim que se encerrou a apresentação depois de alguns instantes eles conversaram sobre fotografia e de seu poder em revelar os desejos existentes em cenas aparentemente cotidianas.

A atração mutua entre os dois faz com que eles partam rumo à casa de Martins. Acontece algo intenso e sublime só que é interrompido por Lucas que de repente se lembra de Jota. Sai dali, desesperadamente e desnorteado.

Acaba procurando Jota e eles acabaram vivendo uma avalassadora transa. Lucas se viu totalmente dominado por ele e em sua mente questionou-se o porquê de gostar daquela situação.

Em paralelo a vida amorosa agitada de Lucas seu pai acabou conhecendo na Universidade em que trabalhava uma colega de trabalho chamada Sandra. Lucas a conhece de uma forma repentina quando chega a sua casa e vê a luz da sala acesa estando lá os dois conversando.


Ela fala ao pai do rapaz o quanto ele era bonito e que ele devia ir ao encontro de jovens de sua igreja porque muitas moças adorariam conhecê-lo. Ouvindo seu discurso moralista Lucas diz a ela que é homossexual que para eles se darem bem que ela o deixasse em paz e não intervisse em sua vida daquela maneira e sai rumo ao seu quarto. E em seguida,ela questiona ao pai de Lucas se ele o aceitava daquela maneira. Ele diz que o amava independente disso e logo mudam de assunto.

Na publicação aparece um personagem bem interessante que seria o Dudu o filho de Cássio que conforme cresce se torna um rapaz ao mesmo tempo fragilizado pela morte de seu pai e pela ausência de sua mãe. Acaba se fortalecendo e estruturando graças ao apoio e carinho de Vitor que apesar das dificuldades não desiste de acolhê-lo.

Mensagens contidas nas entrelinhas da história de Jota e Lucas e de Lucas com suas aventuras amorosas passadas é que sexo e amor acabam se confundindo quando a carência passa a reinar a nossa vida em um determinado momento da vida. Experiências diferentes nos fazem esquecer um pouco do vazio deixado por alguém especial que nos foi arrancado de repente.

Pode-se perceber que apesar de muitos pais não entenderem a orientação sexual de seus filhos eles buscam lhe proporcionar todo o necessário para quem possam ser independentes e conquistar seus sonhos contra tudo àquilo que possam enfrentar de dificuldades sendo a maior delas o preconceito oriundo à homossexualidade e do que isso pode gerar de sofrimento aos seus filhos.

As relações homossexuais masculinas focam na beleza física e isso é retratado brilhantemente pelo autor na descrição da relação entre Lucas e Wagner um modelo da agência de publicidade que o protagonista trabalha.


(...)Deitado naquela cama gigante, observava pelo espelho do teto o reflexo do corpo perfeito de Wagner,que dormia nu ao meu lado.

Por vivermos focados em determinadas situações acabamos perdendo pessoas que foram importantes em nossa trajetória por desejarmos mergulhar em uma história de amor que nem sempre é benéfica a nós.

E com isso os segredos nos fazem encarar a seguinte contradição: mentiras que aparentemente amenizam e verdades que doem.

Fazemos muitas vezes escolhas por acharmos que nossos pais a achariam desinteressantes e inconvenientes para nossas vidas. Lucas estuda Administração em uma instituição conceituada realizando o desejo de seu pai e se vê infeliz por desejar ser Fotógrafo.

Depois de muitos anos e muitas frustrações acaba realizando o seu sonho profissional em explorar as nuances do corpo humano através de suas lentes e com isso consegue um bom trabalho em agência de publicidade, conquista o seu apartamento por entender que para viver a sua vida do jeito que deseja precisar ser independente.

Um beijo pode acontecer de repente e ele pode expressar o real desejo de alguém que não se assume como homossexual.


Muitos homens acreditam que a homossexualidade só é tida como real se a pessoa possui trejeitos femininos e tem uma relação de cunho amorosa com outro homem. Que uma relação sexual é algo como pegação para se conseguir dinheiro ou prazer sem necessariamente alterar a sua dita heterossexualidade e virilidade.


Há um momento na trama que mostra o conflito interno de muitos homens que não conseguem expressar o seu real desejo que segue descrito abaixo:

Jota e uns amigos que fez no tempo que esteve na prisão, estes skinheads partem para a Frei Caneca a fim de expressar a sua macheza batendo em homossexuais para lhes dizer que eles não são dignos para estarem traindo um suposto código masculino de serem machos e penetrarem mulheres afim de obter o selo da heterossexualidade que socialmente é encarado como a legitima orientação sexual.Apesar do aviso de Jota, Lucas acaba saindo de casa e encontra este grupo. Ele é agredido por um careca que é o líder e Jota fica ali paralisado, sem nada fazer, e ainda ajuda na agressão apesar das súplicas de Lucas chamando o seu nome e dizendo que ele não precisava fazer aquilo e nem estar ali com aqueles caras.

A publicação aborda a famosa expressão “amor bandido”. Quem não se lembra do Maníaco do Parque? Depois de sua prisão, passou a despertar várias paixões e recebeu inúmeras cartas de amor. Na vida real aconteceu e acontecem inúmeras histórias em que fascinação por um bandido leva a pessoa a cometer inúmeros atos que a transformam totalmente.

Revisada por Lena Brito 

Paulo Sérgio Moraes 

A história é contada a partir do ponto de vista de Lucas e que ele nos chama a atenção para a consequência de nossas escolhas. Apesar de estar apaixonado por um bandido, não o faz uma vítima e sim uma pessoa que com qualidades e defeitos que em busca de sua felicidade que acaba cometendo erros e provocando algumas feridas e que o fazem repensar a sua jornada.

Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:

Caso tenha interesse em conversar o escritor Paulo Moraes sobre a obra, seu e-mail é: autorpaulosergiomoraes@gmail.com

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.

Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Resenha do livro Por favor, me ajude


A obra do escritor Alexandre Calladinni retrata como o rompimento de uma relação em uma má hora acarreta em muitos sofrimentos, expõe feridas tidas como superadas à tona e como isso faz surgir uma depressão profunda.



Foi comissário de voo por aproximadamente quatro anos e precisou abandonar a sua amada profissão por ter contraído um Barotrauma (trauma causado por pressão atmosférica ou diferencial de pressão) essa doença provoca o sangramento do ouvido médio toda vez com a pessoa com ela é exposta a altas atitudes. Por isso, se afastou da profissão e retomou a faculdade de Publicidade e Propaganda e em 2005 se graduou pela UNIB em SP. Trabalhou como produtor de canal no Rio de Janeiro em 2006 e assistente de eventos e festas em 2010.

Este livro possui pequenos textos que o autor utiliza para desnudar-se de seus pudores e mostrar seus reais sentimentos, um deles chama-se esse “Cara”.

Nele fala de alguém que expõe a si mesmo seus desejos, sentimentos, anseios, frustrações, sonhos, queres, enfim ser leal e companheiro desse ser humano.

Muitas vezes nossa personalidade pode estar abalada, doente, magoada. Mas, a essência não é mudada. O autor chega a essa conclusão quando relembra dois momentos decisivos em sua vida que foram: a descoberta do HIV em seu ex-companheiro e em 2010 – quando resolveu superar-se e acreditar mais em si mesmo e em sua trajetória que o marcaram e o fizeram reviver os seus conceitos.

Passa a ter fé e esperança em dias melhores, tardes sem porquês, a acreditar em príncipes encantados que montados em cavalos brancos resgatam os seus amores, coisas bobas e fúteis, mas que o fazem estar vivo e lutar por essas coisas, que fazem parecer que a vida seja mágica e pelo menos o inspiram a ser melhor.

O titulo da publicação é bem sugestivo pelo fato de dizer que todos nós chegamos a um determinado momento de nossa trajetória que precisaremos de ajuda para nos resolvermos e assim seguirmos em frente.

A dependência que temos em relação ao outro em nossas vidas é algo que nos deixa aprisionados e o autor mostra o quanto isso é maléfico.

Os dois trechos abaixo do texto Desilusões falam sobre a melancolia, expõem a fragilidade de Alexandre e nos faz entender que em algum momento passaremos por isso e sentiremos de forma parecida e que só somos queridos se tivermos algo a oferecer. E usa uma frase da música Brasil composta por Cazuza e interpretada por Gal Costa para a trilha da novela Vale tudo.

 “Com certeza não vou mais falar de amor, de dor, de ilusão, de coração, de solidão, de mar, de luar, de madrugada, da chuva ou mesmo do sol”.
..................................................................................................................

“Se nascesse para a lua, não estaria trabalhando, porque não me elegeram chefe de porra nenhuma e meu cartão de crédito é uma navalha e isso não tem remédio nem nunca terá”.

No desenvolvimento da história pessoal do escritor podemos encontrar mais textos interessantes e um deles é faltando um pedaço que traz em seus trechos reflexões do que seria amor e do que ele nos leva a diferentes vivências como isso nos leva a superar as nossas dores, angústias, inseguranças, inquietudes em prol de uma evolução. Utilizando-se da metalinguagem combina trechos de músicas como: Eu não sei dançar de Marina Lima e outra da música composta por Cazuza e Frejat na época do Barão Vermelho chamada Malandragem além de outra de Cazuza Vida Louca e também um samba enredo da escola de samba do Rio de Janeiro Porto da Pedra, servindo de base para enfatizar suas ideias de uma forma harmoniosa e poética.

“Ás vezes eu quero chorar, mas o dia nasce e eu esqueço”.

Porque há mais na vida com o que se preocupar do que ficar procurando um abraço, um beijo verdadeiro, um carinho e uma atenção. A gente quer,deseja,olha para cima, pede, muitas vezes implora. “Mas,quando não é para ser,não é.”

“Enquanto isso a vida vai passando, mas a esperança nunca pode deixar de existir porque se ela não estiver presente no nosso coração, não teria sentido o sonho, a luta, a vontade, muito menos estar aqui vivo, tentando.”

“(...) porque de repente na esquina da sua rua, no trânsito, no supermercado, a vida pode nos surpreender e, aquele pedaço que está faltando, pode esbarrar com a gente quando menos esperamos. Quem sabe já não esbarrei com o meu e ainda nem sei.”

“Quem não sonhou, jamais amou. Não sabe o que é se libertar”.
“Só peço a Deus, um pouco de malandragem, porque deixei de ser criança e não quero acreditar nem saber se vou amar alguém para o resto da vida. Vida louca, vida, quer deixar você me levar”.

“Os inimigos vão vencer batalhas, mas não vão vencer a luta, afinal Alexandre, estamos aqui, não é mesmo.”

Existem escritos que merecem a nossa atenção. Mas, esses devem ser encarados como ensinamentos para aqueles que ousaram a viver alternativamente nadando contra a maré que a sociedade impôs. Pois, amar intensamente sem importar com as consequências, encarar o trabalho com meio de aprendizado e não como algo tedioso e torturante, aprender que a nossa recuperação só será feita se quisermos isso realmente e que recomeçar é sempre algo difícil a ser feito e deve acontecer sempre que percebermos que o nosso ser está em perdido diante das adversidades para assim ressurgir nascido em uma nova roupagem são atitudes interessantes a ser tidas se o caminho para a felicidade for a sua meta nessa jornada.

Revisada por Lena Brito 

                                    
                                                        Alexandre Calladinni

Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:

Caso tenha interesse em conversar o escritor Alexandre Calladini sobre a obra, sua home page é:

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.

Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Resenha do livro Jeito Calladinni de Voar – Diário de um Comissário de Voo

A obra do escritor Alexandre Calladinni retrata a sua trajetória profissional na aviação civil e de como precisou superar muitos medos e preconceitos para alcançar sucesso em sua profissão. Nos fala também de como muitas vezes é possível obter êxito em um determinado segmento e outro ser um completo fracasso.

                                    

Para realizar o seu curso de comissário de voo, precisou renunciar do conforto da casa de seus pais no Rio de Janeiro, vindo com a cara e a coragem morar em uma pensão em São Paulo onde tudo era desorganizado e não tinha privacidade nem segurança para deixar os seus itens pessoais.

O cotidiano do trabalho, apesar de exaustivo e estressante, lhe proporcionou a prática da língua inglesa, viagens para a Europa e Estados Unidos.

Chefes de bordo, que são conhecidas na aviação como “mães” para jovens comissários e comissárias, trouxeram aprendizado ao autor sobre como lidar com pessoas que são altamente capacitadas e ao mesmo tempo frustradas por, estando em uma rotina intensa de trabalho, muitas vezes não terem alcançado a sonhada promoção em estar em voos internacionais acabam descontando suas frustrações em seus filhos de aviação.

Devido a isso, o protagonista jurou ser um bom profissional e, quando tivesse a oportunidade de ter filhos de aviação, seria justo e compreensivo para assim dar-lhes motivação para a realização de um bom trabalho.

Em paralelo namorava com o Marcelo e este não entendia muito a sua profissão. Devido a distância e ao trabalho o relacionamento se tornava frio e distante. Ele só deseja que Alexandre fizesse suas vontades e, como o amor é cego fazendo com que a gente se deixe levar, tudo era feito assim.

Carlos, o seu pai da aviação, foi um mestre que lhe deixou tranquilo e lhe explicava tudo com paciência. Com ele conseguiu sua promoção de aprendiz para comissário por ter mostrado dedicação, atenção e carinho aos passageiros.

Durante algum tempo em voos nacionais passou a se destacar por sua pontualidade, conhecimento técnico, desenvoltura com os colegas e logo foi promovido para voos internacionais. Só que não contava em reencontrar a sua antiga mãe Laika em um desses voos, no qual ela fez tudo para prejudicá-lo.

Passa a morar em uma casa com outros e outras comissárias de voo. A princípio a sua solução pareceu boa para sair dos caos da pensão onde vivia e assim ter mais intimidade. Só que depois tudo virou um pesadelo: desorganização e um cachorro que fazia muita sujeira. O único onde havia paz era o seu quarto.

Teve um lance casual com um dos comissários que também era gay. Em seu íntimo, sentia falta de ter algo mais sério com alguém e acaba conhecendo Gustavo em uma balada. A princípio o namoro ia a mil maravilhas, porém, com o tempo, o rapaz mostra-se ciumento e possessivo. Por isso, o relacionamento acaba findando.

Algum tempo depois,muda-se para um novo apartamento e percebe-se feliz por ter uma casa do seu jeito e com cara de verdadeiro lar.

Existem profissões que despertam fantasias e uma delas é a de comissário. Um passageiro chamado Adalberto manda uma carta muito interessante para o protagonista Alexandre. Relutante acaba marcando um encontro com o Adalberto lá descobre que ele é casado e tem dois filhos. Que não era nada bonito ou elegante e ainda desejava um miche discreto para encontros em seu loft.

Por isso, chegou à conclusão que existem certas historias que ficariam melhores na imaginação do que postas em prática.


Para dar fim as suas desilusões amorosas buscou não pensar mais nem em Marcelo, nem em Alex e em mais ninguém e por isso resolveu reconstruir o seu coração para assim vivenciar novas desventuras que a vida lhe permitisse.

Para ilustrar o seu recomeço pessoal e o que a sua profissão representava em sua vida inseriu um belo poema de Carlos Drummond de Andrade demonstrando assim o seu amor em ser comissário.

Bom dia para você. E também para os bens terrestres da alegria, de segurança profissional, de vida fluindo em paz, pelo reconhecimento do papel admirável que você desempenha na aviação contemporânea. Que um dia ao baixar da altura para a vida comum, você encontre entre nós a mesma compreensão generosa, o mesmo carinho lúcido que hoje recebemos de você no voo”.

Perceber que um comissário de voo pode ser alguém alegre com passageiros e os seus colegas de trabalho, apesar de ter um trabalho estressante e sério por estar responsável por muitas vidas na aeronave, é algo que me deixou surpreendido.

Assumir aos poucos a sua orientação sexual enfrentando comentários maldosos foi um ato de coragem e mostrou que obstinação pode levar alguém ao longe.

Por mais decepções que se sofra na vida é sempre uma oportunidade de recomeçar para assim ser maior do que elas.

Muitas vezes temos de ser bons conosco para assim atrairmos pessoas que realmente nos amem por quem somos e não por que possamos vir a oferecer.

Quando amamos realmente algo ele passa a ser mais importante do que nós mesmos, e por isso nos esquecemos de viver outras coisas. Mas a vida sempre prega peças e, quando esse algo não nos é mais permitido viver, nos vemos sem chão.

As crises de identidade que enfrentamos nos fazem fortes para encarar nossos demônios internos e nos renovarmos se realmente quisermos pagar para ver o que o destino tem a nos oferecer.

Alexandre Calladinni mostra que amar mesmo que traga decepções é necessário para a nossa evolução. O amor é como uma rosa tem um belo aroma e design só para que chegar até ela tem de passar por espinhos. Se você sabe a grandeza desse sentimento, e em nome dele correr os riscos necessários para tê-lo consigo, pode assim dar beleza e magia à vida.

Voar como os pássaros é algo necessário àqueles que possuem o desejo de desbravar o mundo sem convencionalismos existentes. Por isso, percebi que ser comissário de voo para Alexandre era como ter asas em uma sociedade que tudo impossibilita aos ditos diferentes.

Calladinni foi um nome escolhido por ele para representar o seu verdadeiro ser e ele fez essa escolha quando fazia teatro. Podemos muitas vezes escolher nomes, profissões, ter ou não ter certos tipos de experiências. Só não podemos esquecer que exercitar o direito do livre arbítrio sem condicionalismos é o que faz crescer e ser humano na realidade.

     Alexandre Calladinni 

Se esse livro tivesse uma trilha sonora para defini-lo, seria como uma onda no mar "Como uma Onda (Zen-Surfismo)" gravada por Lulu Santos em 1983, composta por ele e pelo jornalista e escritor Nelson Motta para a trilha sonora do filme Garota Dourada, de Antônio Calmon. E posteriormente interpretada por Tim Maia. Os trechos abaixo representam a dinamicidade existente em nossa trajetória que, apesar dos acontecimentos bons ou ruins, nos fazem crescer e superar as adversidades existentes para assim sermos mais fortes e capazes de estar dando passos para conquistar o nosso ideal de felicidade.
Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar” 



Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:

Caso tenha interesse em conversar o escritor Alexandre Calladini sobre a obra, sua home page é:

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.

Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas! 



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Resenha do livro O Outro Lado do Muro

A obra da editora All Print com o apoio da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, Governo do Estado de SP – Secretaria da Cultura e Programa de Ação Cultural do Estado de SP – PROAC escrita pela ex- professora de educação infantil Bel Barbiellini, retrata a história de Julia e Lia que se conheceram na faculdade de psicologia e permaneceram juntas desde então.



Elas trabalham juntas em um consultório de psicologia que atende crianças e adolescentes com conflitos em relação a sua orientação sexual. E sonhavam em montar o seu próprio espaço como novas metodologias de trabalho para esse público alvo.

Uma oportunidade única surgiu na vida das personagens um treinamento de quatro meses na área de psicologia infanto juvenil na Holanda só que não teria como as duas participarem. Depois de muito conversarem, entraram em um consenso. Lia disse a Júlia que ela seria a pessoa indicada para estar participando do mesmo por já ter bastante experiência nessa área.

Após muito relutar Júlia aceita o argumento de sua amada e parte para esta viagem que seria fascinante para o campo profissional e que depois disso poderiam enfim realizar o sonho de abrirem a sua própria clinica com os conhecimentos adquiridos na Europa.

No dia do embarque de Julia rumo à Holanda. Lia conheceu Tina no Franz Café do aeroporto. Uma consultora administrativa, que através de seus olhos verdes e pele morena clara, trazia consigo uma intensidade, da qual era consciente de tudo que desejava. Elas conversaram frivolidades cotidianas, até que Lia se viu obrigada a se despedir por ter muitos compromissos profissionais.
O tempo passa e Lia segue realizando os atendimentos no consultório, sentindo – se cada vez mais sozinha e carente por seu amor estar longe.

Um dia, Lia precisa resolver algumas questões burocráticas no banco e como coisa do destino lá encontra a mesma moça com quem esteve conversando brevemente no aeroporto no dia em que Julia embarcou para a Holanda. Ela se dispôs a ajudá-la em suas questões.

Com o passar do tempo, Tina e Julia passam a sair juntas e até que acontece o convite para um jantar na casa de Tina. Excelente oportunidade para a moça para conhecer pessoas novas e se distrair. E todos passam a perceber o clima entre as duas, só que Lia ainda se mostrava relutante nesse sentido e falava o tempo todo de Júlia.

Após o jantar quando todos os convidados foram embora. Tina e Lia ficaram sozinhas e fizeram amor, fazendo com que Lia sentisse culpada em relação ao acontecido. Ela vai para o apartamento aonde vive com Julia e pensou por um bom tempo sobre tudo que estava acontecendo em sua vida.

Com o retorno de Julia, os sentimentos de Lia se confundem a tal ponto que ela afasta por um tempo de sua esposa. Deixando Julia totalmente transtornada a fim de entender o porquê de tantas mudanças bruscas.

A estrutura narrativa presente é instigante pelo fato de haver duas narradoras. Sendo que uma representa a visão de Julia em relação ao seu encontro com Lia, o relacionamento, o cotidiano das duas e o que tinha aprendido da viagem. E a outra argumentada pela Lia, relatando o que sentia em relação à esposa, seu cotidiano modificado com a viagem da mesma e o seu encontro com Tina e de como ele havia mudado sua perspectiva de vida e seus sentimentos.

O que fica bem claro na obra da autora e que muitas vezes acreditamos que um relacionamento será eterno e nos agarramos a ele como se ele fosse tudo em nossa vida. Devido a isso nos esquecemos de nos olhar sob outro prisma e que isso foi feito evitaria muitos danos sentimentais e existenciais caso o rompimento fosse inevitável.
Confiar os nossos sonhos e desejos em outro ser limitado acaba gerando desgastes emocionais desnecessários em nossa vida. Uma saída para esse entrave seria relacionar-se de forma aberta e libertária assim deixando a ideia de posse do ser amado completamente ausente.

Temos a capacidade de amar muitas vezes só que com intensidades diferentes e que esses amores podem nos fazer ser quem somos. E que a vida é uma breve passagem por isso não se deve limitá-la a rótulos e roteiros definidos.

Algumas conversas inesperadas explicam muitas vezes no que erramos em relação a vivermos em um mundo fechado e restrito quando estamos em um relacionamento e que essa desatenção pode gerar conflitos e situações mal resolvidas.

Quando de repente acontece um acidente faz com que uma pessoa querida parta e muitas perguntas ficam sem respostas se ela realmente nos amou realmente mesmo que desencontros tenham acontecido, será que traição é falta de amor ou de respeito e se a morte é realmente o fim de tudo ou começo de algo novo em nossa vida.

Trechos marcantes na publicação são estes abaixo que buscam expressar o quanto passamos a vida escondendo nossos reais sentimentais e como nos prendemos as convenções sociais para definir o que seja amor e de como devemos nos relacionar com o outro independente da nossa orientação sexual.

“Minhas palavras ficaram trancadas em armários por um longo tempo. E agora, do lado de fora, vou mostrando aos poucos o mundo colorido e nem sempre bizarro em que vivemos. Preciso conquistar meu espaço, divulgar minhas palavras, desenhar sentimentos. E assim, quem sabe, levar um pouco mais de esperança, amor e respeito ao próximo. O outro lado do muro é o meu ponto de partida.”

O amor não se evapora quando um relacionamento acaba ele se transforma. Se o relacionamento for bom com momentos agradáveis, de respeito e carinho. Ele se torna eterno, fica dentro de nós para sempre!.

Imaginar um triângulo amoroso em um romance lésbico é algo tido como tabu pelo fato da sociedade enxergar o relacionamento entre mulheres como extremamente monogâmico e regido mais por sentimentos do por que paixões avalassadoras. A autora mostra que é possível existir paixão e desejo em uma relação lésbica e que diferentemente do que ocorre no universo homossexual masculino essa atração pode se transformar em sentimento profundo podendo levar a vários questionamentos a respeito do que seja amor e paixão.

Por vivermos em uma sociedade machista a ideia de intimidade sem a existência de um pênis possa parecer perturbadora para muitos. A trama desenvolvida pela autora narra com sensibilidade, delicadeza e clareza, que o beijo, toque, cheiro, carícia podem sim, satisfazer uma mulher sem a existência de um papel masculino nessa ligação sexual já que são duas mulheres nela envolvida.

                                                Bel Barbiellini


Link no qual poderá encontrar seu exemplar caso tenha interesse em comprá-lo:

Caso tenha interesse em conversar a escritora Bel Barbiellini sobre a obra, seu Facebook é:

E a fanpage do livro para quem se interessar em compartilhar a sua experiência de leitura com outros.


Espero que tenham gostado. Em breve novas resenhas!